O mundo não nasceu de óculos

Imagine se Júlio César, o grande imperador romano, tivesse nascido míope. Certamente, por não enxergar de longe, ele não teria sido capaz de comandar seus exércitos em batalha e, provavelmente, também não teria sido o grande personagem histórico que foi. Agora, pense em Leonardo da Vinci, já com certa idade, com dificuldade para enxergar de perto. Como será que ele faria para registrar as suas (muitas) ideias ou mesmo para pintar? Ou Shakespeare, de “braços curtos” e, pior ainda, lutando para escrever à luz de velas?

Esses exercícios de imaginação sobre os óculos demonstram a sua importância na vida das pessoas, uma noção que não temos hoje, quando o acesso à correção da visão é universal. Porém, foi só com o avanço da industrialização, no século XIX, que o acessório começou a ter custo acessível, o que permitiu a sua popularização.

No entanto, mesmo em tempos atuais, na experiência diária de décadas de atuação em óptica, alguns casos ainda chamam a atenção, como o de um homem já em idade madura que, ao colocar pela primeira vez na vida os óculos corretos para o seu problema, enxergou, muito admirado, como realmente era uma formiga. Algumas situações chegam a ser comoventes, como a de um rapaz com graves restrições de visão que, no balcão da óptica, ao lado do pai, ao colocar óculos especialmente desenvolvidos para ele, passou, de um instante para outro, a ver, a enxergar a vida, em um momento mágico que emocionou a todos.

Por tudo isso, olhe para os seus óculos – ou melhor, olhe através dos seus óculos – com ainda mais respeito. Eles são um instrumento importante de qualidade de vida para milhões de pessoas, em todo o mundo.